
A NASA emitiu novos alertas sobre a Anomalia Magnética do Atlântico Sul (AMAS), uma região onde o campo magnético da Terra é significativamente mais fraco, abrangendo principalmente o Brasil e partes do Atlântico Sul. Segundo os especialistas, a área está se expandindo e se deslocando para o oeste, o que preocupa cientistas devido aos seus efeitos em satélites, sistemas de navegação e comunicações.
A AMAS permite que partículas solares e cósmicas se aproximem mais da superfície da Terra, aumentando o risco de danos em equipamentos eletrônicos e sistemas de comunicação que operam na órbita terrestre. Satélites, como aqueles usados para GPS, telecomunicações e monitoramento climático, podem sofrer interferências e, em alguns casos, serem danificados ao cruzar a região.
O Brasil, por sua localização, está no centro desse fenômeno. Regiões do Sul e Sudeste estão entre as mais afetadas. A Estação Espacial Internacional (ISS), por exemplo, adota protocolos especiais ao atravessar a anomalia para proteger seus sistemas e a tripulação.
Pesquisas recentes, incluindo estudos de cientistas brasileiros publicados na revista Nature Communications, indicam que essa anomalia já existe há milhões de anos, mas sua expansão recente é motivo de atenção. As investigações também apontam que a intensidade do campo magnético na área é hoje cerca de um terço da média global.
Apesar do alerta, especialistas garantem que não há riscos diretos à saúde humana. Para a população em geral, a AMAS não causa efeitos perceptíveis. No entanto, o monitoramento contínuo é essencial para proteger as tecnologias que dependem de satélites e garantir a segurança de operações espaciais.
Agências como a NASA e a Agência Espacial Europeia seguem trabalhando em conjunto com pesquisadores brasileiros para entender melhor a evolução da anomalia e desenvolver estratégias de mitigação para o futuro.
Como essa anomalia magnética surgiu?
Em entrevista ao Olhar Digital, Roberto “Pena” Spinelli, físico pela Universidade de São Paulo (USP) e pesquisador com foco em Inteligência Artificial (Alinhamento e Consciência), com especialização em Machine Learning pela Universidade Stanford, nos EUA. Ele explicou o que esse crescimento representa.
Primeiro, de acordo com Pena, é necessário entender o que é o campo magnético da Terra. “O campo magnético da Terra é causado por correntes de convecção, que são materiais líquidos em movimento lá no centro da Terra, compostos principalmente por materiais ferromagnéticos – rochas derretidas que têm em sua composição ferro e outros elementos químicos. Quando você tem essas correntes se movendo por conta do giro da Terra e da temperatura, então criam-se correntes internas que ficam subindo, descendo e girando e induzem o campo magnético”.
O campo magnético da Terra age como uma defesa contra partículas carregadas do Sol, que vêm com a radiação cósmica e os ventos solares. No entanto, nessa região específica, essa proteção é reduzida, permitindo uma maior proximidade das partículas com a superfície terrestre. Isso pode gerar problemas para satélites que cruzam essa área.

Isso é causado, segundo Pena, por imperfeições nas correntes internas. “Se as correntes acontecessem de maneira simétricas, fossem todas perfeitas, o campo magnético da Terra seria homogêneo. Mas existem imperfeições nessas correntes, o que resulta em anomalias magnéticas”.
Pena descreve essas imperfeições como rochas sólidas que tomam formas diferentes, a subducção das placas tectônicas de forma diferente em cada região e outras variações geológicas, com destaque para uma possível presença de um pedaço do protoplaneta Theia que se chocou com a Terra há bilhões de anos, dando origem à Lua (saiba mais aqui).
O relatório revela que a intensidade do campo magnético na região da AAS é aproximadamente um terço da média global. A causa exata dessa anomalia ainda não é totalmente compreendida, mas os pesquisadores observaram seu crescimento e aprofundamento em direção ao oeste. Entre 2020 e 2024, estima-se que a área da AAS tenha aumentado em cerca de 7%.
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