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terça-feira, 17, junho, 2025

PF destrói 23 balsas e 15 barcos usados em garimpo ilegal em Terra Indígena no norte de Mato Grosso

Uma operação conjunta de combate ao garimpo ilegal resultou na destruição de 23 balsas, 15 barcos e diversos barracos utilizados na extração clandestina de ouro no rio Teles Pires, dentro da Terra Indígena Kayabi, no município de Apiacás, a 1.005 km de Cuiabá. A ação foi realizada entre os dias 11 e 14 de junho e contou com a participação do Ibama, Funai, Bope e apoio da Polícia Federal.

Durante a operação, os agentes identificaram cerca de 50 embarcações na região, mas apenas parte delas pôde ser inutilizada, já que muitos garimpeiros afundaram propositalmente os equipamentos — especialmente as chamadas dragas escariantes, embarcações com bombas de sucção potentes, projetadas para extrair minerais diretamente do leito dos rios.

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Márcio Júnior Alves do Nascimento – 2

Segundo o chefe de fiscalização do Ibama em Mato Grosso, Edilson Fagundes, esse tipo de embarcação é utilizado como estratégia para dificultar as ações de repressão. “Conseguimos inutilizar 23 embarcações, mas muitas foram afundadas propositalmente. Eles sabem que assim evitam a destruição completa dos equipamentos”, explicou.

Além das embarcações, milhares de litros de combustível armazenados de forma irregular também foram apreendidos. De acordo com a superintendente do Ibama, Cibele Madalena Xavier Ribeiro, esta foi a segunda operação do ano na região. “Essas estruturas são irregulares e, por lei, temos a prerrogativa de destruí-las. Os garimpeiros fugiram, mas alguns foram identificados e serão responsabilizados criminalmente”, afirmou.

O impacto ambiental da atividade clandestina é alarmante. De acordo com a pesquisadora Daniela Maimoni de Figueiredo, da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), a dragagem dos rios afeta diretamente a biodiversidade. “O excesso de sedimentos reduz o alimento e os espaços de alimentação para os peixes, altera sua migração e prejudica a reprodução”, alertou.

A presidente da Federação dos Povos Indígenas de Mato Grosso (Fepoimt), Eliane Xunakalo, reforçou os danos irreversíveis do garimpo às comunidades tradicionais. “Ele destrói não apenas o rio, mas toda a vida que depende dele. É o nosso alimento, nossa água, nossa cosmologia. Essas ações precisam continuar e os invasores devem ser impedidos de voltar”, declarou.

Mais de 50 embarcações já foram destruídas em operações anteriores na Terra Indígena Kayabi, mas os órgãos de fiscalização agora voltam seus esforços para identificar e punir os financiadores do garimpo ilegal — etapa crucial para desmantelar a cadeia do crime ambiental na região.

NORTÃO MT COM FOLHA MAX

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